Dia nacional da imunização

Diário explica: como a vacina age no corpo humano

Foto: Nathália Schneider (arquivo/Diário)

Desde o desenvolvimento em meio acadêmico ou industrial até a autorização de uso emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a vacina passa por muitas mãos para prezar pelo melhor resultado. Segundo o médico infectologista e professor da UFSM, Alexandre Vargas Schwarzbold, o processo é longo e composto por diversas etapas, que vão desde a identificação da estrutura da molécula referente ao organismo que se quer combater até a testagem do imunizante em voluntários:

– Trata-se de uma série de passos e procedimentos que, às vezes, duram anos. Na fase em que identificamos a potência de uma molécula, passamos para o que chamamos de pré-clínica.

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Após testes preliminares, o material chega aos primeiros voluntários na chamada Fase Clínica um. Schwarzbold relata que, nesta etapa, a aplicação ocorre em grupos de 50 a 80 pessoas. Na fase seguinte, o número aumenta para até 1,5 mil voluntários, sendo avaliado inclusive mais detalhes sobre toxicidade. Enquanto parte de uma rede mundial, a UFSM participa dos testes previstos na fase três e que resultam na testagem de imunizantes em milhares de pessoas.

– Quando estamos aplicando na população, a partir dos programas de imunização e o Brasil tem uma vasta experiência de décadas, são vacinas já liberadas para uso. Pelo ponto de vista técnico, elas funcionam de fato e são seguras. Já foram testadas inclusive em milhares de pessoas no mundo. Temos uma experiência muito boa com elas e as pessoas não são cobaias. Este termo é sempre muito pejorativo. Mesmo quando estamos fazendo testes, os voluntários não são cobaias – afirma o médico.

Importância

Enquanto médico infectologista e pesquisador, Schwarzbold descreve a vacina como uma ferramenta eficaz no combate a diversas infecções.

– Tem doenças que, praticamente, mal se introduziram e outras havia a vigência até que veio a vacina e controlou. A poliomielite é a mais típica, porque vimos um enorme número de casos na década de 1970. De crianças que se desenvolveram com paralisia, com dificuldades motoras, fora as que morreram com infecção no sistema nervoso central. As meningites foram outras doenças que tiveram o impacto da vacina. Também na década de 1970, havia enfermarias lotadas de pessoas com infecção na cabeça e a vacina, hoje, controlou. Vemos casos? Vemos, mas raramente. Recentemente, vimos o impacto nos Rotavírus, que são infecções causadas por vírus intestinais. Muitas crianças hospitalizavam em vários países por causa disso. A vacina do Rotavírus, que hoje também é do Programa de Imunização, mudou o cenário e as crianças praticamente não internam com gravidade – conta.

Doenças como o sarampo e varíola também são citadas pelo médico infectologista, que enfatiza a ação do imunizante principalmente na redução de quadros graves das doenças:

– É importante lembrar que a maior parte das vacinas protege do agravamento da doença. Algumas pessoas podem até adquirir algumas infecções, mesmo sendo vacinadas. Mas, nunca com gravidade ou muitos sintomas. Muitas nem adquirem justamente por essa proteção de anticorpos – explica Schwarzbold.

Como a vacina age no corpo

Entre os relatos que fortalecem o Movimento Antivacina, estão os efeitos colaterais. Alexandre Schwarzbold explica que o surgimento de efeitos é considerado algo normal, uma vez que variam conforme o organismo de cada pessoa, havendo até mesmo quem nada sente.

– Um grupo de pessoas pode ter efeitos sistêmicos nas primeiras 24 horas ou 48 horas. Uma febre, uma dor de cabeça, dor no braço etc. Por exemplo, ao fazer a vacina da Influenza, parece que a pessoa teve gripe naqueles dois dias. Mas sabemos que não é. É um efeito da vacina, que dura dois dias, e as pessoas ficam bem em sua grande maioria. Isso é normal. Esse efeito sistêmico significa que a vacina estimulou a resposta de anticorpos, que são as proteínas do corpo para se defender contra os agentes específicos que estamos vacinando. Causamos no corpo essa reação inflamatória transitória para que consigamos proteger – diz.

Estado envia as doses aos municípios

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informa sobre a disponibilidade dos imunizantes a partir do SUS: “As vacinas BCG, Meningocócica, Pentavalente, Poliomielite, Tríplice viral, DTP, Rotavírus e Pneumocócica 10-valente são ofertadas durante o ano todo às Regionais de Saúde/Centrais Municipais e unidades de saúde para as atividades de rotina e atualização de cadernetas de vacinação.”

Em Santa Maria, essas e outras vacinas são ofertadas em UBSs e ESFs, que contam com salas de vacinação. A prefeitura enfatiza que “campanhas de vacinação são lançadas anualmente para reforçar a importância de manter a carteira de crianças e adolescentes em dia”.

Foto: Eduardo Ramos (arquivo/Diário)

Atenção para esquema de vacinas infantis

No Programa Nacional de Imunizações (PNI), pelo menos, sete vacinas são essenciais para a imunização de crianças de até um ano e estão disponíveis em unidades de saúde. São elas:

Bacilo de Calmette-Guérin (BCG)

  • Protege contra a Tuberculose
  • Esquema – Dose única ao nascer

Meningocócica C  

  • Protege contra doenças causadas pelo Meningococo C, incluindo meningite e meningococcemia
  • Esquema – Aplicação de duas doses, sendo uma aos três meses e outra aos cinco meses, além de um reforço aos 12 meses

Pentavalente 

  • Protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e bactéria haemophilus influenzae tipo B
  • Esquema – Três doses a serem aplicadas aos dois, quatro e seis meses

Pneumocócica

  • Protege contra doenças invasivas, otite média e aguda causadas por 10 tipos de bactéria Streptococcus pneumoniae 
  • Esquema – Duas doses a serem aplicadas aos dois e quatro meses, além de um reforço aos 12 meses

Poliomielite

  • Protege contra a paralisia infantil
  • Esquema – Aplicação de três doses, sendo a primeira aos dois meses; a segunda aos quatro meses e a terceira aos seis meses

Tríplice viral

  • Protege contra sarampo, rubéola e caxumba
  • Esquema – Uma dose aos 12 meses e reforço aos 15 meses

VORH (Vacina oral de Rotavírus Humano)

  • Protege contra o rotavírus humano, que causa problemas estomacais como diarreia
  • Esquema – Duas doses a serem aplicadas aos dois e quatro meses

Cobertura de sete vacinas nos últimos anos 

Rio Grande do Sul

BCG 

  • 2015 – 104%
  • 2016 – 94%
  • 2017 – 91%
  • 2018 – 91%
  • 2019 – 88%
  • 2020 – 85%
  • 2021 – 79%
  • 2022 – 88%
  • 2023 * – 66%

Meningocócica C  

  • 2015 – 96%
  • 2016 – 91%
  • 2017 – 88%
  • 2018 – 83%
  • 2019 – 91%
  • 2020 – 88%
  • 2021 – 78%
  • 2022 – 81%
  • 2023 * – 55%

Pentavalente 

  • 2015 – 91%
  • 2016 – 88%
  • 2017 – 84%
  • 2018 – 85%
  • 2019 – 72%
  • 2020 – 87%
  • 2021 – 76%
  • 2022 – 77%
  • 2023 * – 58%

Pneumocócica

  • 2015 – 91%
  • 2016 – 94%
  • 2017 – 91%
  • 2018 – 92%
  • 2019 – 90%
  • 2020 – 89%
  • 2021 – 81%
  • 2022 – 84%
  • 2023 * – 57%

Poliomielite

  • 2015 – 89%
  • 2016 – 84%
  • 2017 – 86% 
  • 2018 – 86%
  • 2019 – 85%
  • 2020 – 85%
  • 2021 – 76%
  • 2022 – 77%
  • 2023 * – 58%

Tríplice viral

  • 2015 – 88%              
  • 2016 – 90%
  • 2017 – 83%
  • 2018 – 89%
  • 2019 – 91%
  • 2020 – 85%
  • 2021 – 80%
  • 2022 – 88%
  • 2023 * – 60%

VORH

  • 2015 – 91%
  • 2016 – 88%
  • 2017 – 85%
  • 2018 – 91%
  • 2019 – 87%
  • 2020 – 85%
  • 2021 – 78%
  • 2022 – 80%
  • 2023 * – 55%

Atualizado em 19 de maio de 2023

* Os dados de 2023 são parciais e estão sujeitos à alteração

Fonte: Sistema de informação do Programa Nacional de Imunizações 


Santa Maria

BCG

  • 2015 – 126,56
  • 2016 – 133,26
  • 2017 – 127,54
  • 2018 – 175,64
  • 2019 – 114,73
  • 2020 – 58,65
  • 2021 – 32,89
  • 2022 – 61,86

Meningocócica C

  • 2015 – 91,83
  • 2016 – 98,74
  • 2017 – 95,57
  • 2018 – 137,55
  • 2019 – 100,23
  • 2020 – 87,63
  • 2021 – 75,94
  • 2022 – 76,85

Pentavalente

  • 2015 – 87,13
  • 2016 – 96,21
  • 2017 – 87,38
  • 2018 – 125,44
  • 2019 – 77,74
  • 2020 – 82,13
  • 2021 – 72,29
  • 2022 – 72,53

Pneumocócica

  • 2015 – 89,13
  • 2016 – 104,58
  • 2017 – 102,41
  • 2018 – 151,34
  • 2019 – 84,78
  • 2020 – 88,69
  • 2021 – 79,33
  • 2022 – 82,61

Poliomielite

  • 2015 – 86,25
  • 2016 – 91,66
  • 2017 – 94,69
  • 2018 – 124,76
  • 2019 – 93,67
  • 2020 – 79,77
  • 2021 – 71,95
  • 2022 – 72,34

Tríplice viral

  • 2015 – 87,27
  • 2016 – 104,11
  • 2017 – 91,10
  • 2018 – 100,54
  • 2019 – 98,15
  • 2020 – 88,12
  • 2021 – 76,52
  • 2022 – 84,74

VORH 

  • 2015 – 94,07
  • 2016 – 97,80
  • 2017 – 93,60
  • 2018 – 145,79
  • 2019 – 95,27
  • 2020 – 84,30
  • 2021 – 76,29
  • 2022 – 74,96

Atualizado em 24 de maio de 2023

Fonte: Sistema Datasus, do Ministério da Saúde. A Secretaria Municipal de Saúde ressalta que a cobertura vacinal de cada imunizante tem particularidades que vão além dos números. 


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